quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Rita

Lembrei-me do quanto as palavras me pertencem, do quanto as possuo escondida em mim como tudo o que sou e resolvi jogá-las para fora. Hoje é o dia de Rita.
Rita não era Baiana, não tinha curvas sensuais que a movimentava. Rita não chamava a atenção do cortiço. Não gostava de física, mas gostava de você. Logo você, que tanto ama exatas! Talvez por ser de humanas, encontrou em você o exato, o concreto, o óbvio.
Rita, em seus olhos de Capitu, dissimula-se. Pensa e vê os pensamentos voarem e baterem em sua própria mente. Não conclui. Possui medo de concluir. Concluir é apagar, esquecer e esses verbos não lhe agradam. Rita apaixona-se a cada esquina, abre os braços e fecha os olhos ao sol... Rita ouve música e incorpora o artista. Bebe cerveja e fuma cigarro. Rita tem seus cabelos bagunçados, unhas escuras e sorriso largo. Rita só quer um amor, um amor tranquilo e, sem encontrá-lo, deixa-o para trás.
Rita é um anjo que tenta. Em sua inocência e dentes tortinhos, Rita pratica seu esporte favorito: a conquista. Conquista rasa, vaga, passageira. E, quando se dá conta disso, tranca-se.
Na solidão de seu quarto, Rita fecha-se. Tranca a porta, apaga as luzes, deita-se e fecha-se. Fecha-se em si mesma. Rita é apenas uma menina. Cheia de medos, por sinal. Rita encontra-se em suas decepções. Fecha-se para abrir-se. 
Uma flor.
Rita volta aos bares, aos shows, ao sorriso faceiro e ao cabelo bagunçado. Rita não economiza cigarros e livros.
Rita é você, porque Rita sou eu.