domingo, 29 de julho de 2012

Tô pensando!

Sempre usei a escrita para organizar pensamentos, tenho dificuldade nisso, sou muito aleatória, falo de tudo ao mesmo tempo e por isso nunca concluo nada. E hoje eu queria escrever sobre qualquer coisa, só queria escrever, a chateação esteve presente em todos os dias das últimas duas semanas, mas cheguei finalmente no domingo, o primeiro dia de outra semana. Queria deixar todas as mágoas para trás e começar a viver estes sete dias bem, porque, afinal, acabaram-se as férias e começar mal não é legal.
No momento, estou lendo dois livros incríveis. Um sobre um velho que quer escrever uma autobiografia tentando se defender de acusações de um antigo "amigo". Um velho com problemas de memória que volta e meia interrompe a narração para ligar ao filho e perguntar algo como quem são os sete anões.
Estou sentindo saudades, saudades de quem vi sexta-feira, só porque é uma pessoa tão especial que eu poderia ficar olhando para a cara dela o tempo todo! Joe Williams está nos meus fones e eu só posso dizer que amaria se o Rob Fleming de Alta Fidelidade do Nick Hornby fosse real. Ele e seus inúmeros discos e seu jeito tão confuso e espontâneo de ser.
Gosto de pessoas assim: espontâneas. Que riem sem vergonha e que falam sem pensar. São as que mais sofrem, infelizmente.
Minha cabeça anda tão cheia de coisas... Por um momento ela se aquietou hoje, quando eu ouvia aquela banda de reggae que sequer sei o nome tocar na praia. Deve ter sido o conjunto de imagens, a praia, a água, o sol, as árvores, a banda no fundo e o pessoal sentado no chão.
Preciso aumentar o grau do meu óculos e preciso resolver tanta coisa... Minha cabeça está quente. Tô pensando! Tô pensando!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pobre Billy

Deveria me sentir mal por ser tão grosseira? Por só desejar ficar sozinha com esse copo e o gosto nojento de cigarro na boca? Por não gostar de ninguém? Por estar destinada a viver colecionando mágoas?
Pergunto-me se serei condenada por tantos pensamentos medíocres, por não querer muito, por não querer nada. Por desejar jogar a minha vida pelo ralo de um banheiro entupido, por só acordar e deitar sem fazer algo proveitoso.
Não entendo a ambição que engloba as pessoas, esta eterna vontade de ter mais, de ser melhor que os outros. Não quero. 
Quero deitar no meu velho colchão duro, olhar para o meu velho teto sujo e chorar, chorar as lágrimas que nem tenho. Chorar os meus pensamentos que eu condeno. Chorar por ser incapaz de viver aqui com essa gente.

Estou num bar, frequento o velho bar do Billy faz 10 anos, ele já sabe qual é a minha cerveja favorita e sempre traz uma garrafa quando eu chego, sem dizer nada. Me serve e depois pergunta algo, em seguida acende meu cigarro.
O bar do Billy é todo de madeira, madeira antiga, escura, fedida. O bar do Billy reúne bêbados com vidas perdidas, sem esperança. O bar do Billy já é uma parte de mim, já faz parte do curativo das minhas feridas. Todos aqui sabem da venda de cocaína atrás daquela cortina. Todos aqui sabem que a pequena Sofia, em seus quinze aninhos, se prostitui. Todos aqui sabem que o pobre Billy, pobre de espírito, já está para morrer. Mas ninguém se importa com qualquer uma dessas coisas.
Billy é um ótimo companheiro, fala pouco, tem um olhar vazio, uma pupila que raramente se dilata pra uma mulher. Pobre Billy.

Pobre de mim, se não igual a Billy, sou pior. Não sou pobre de espírito, sou miserável, não tenho valores, não tenho dó de ninguém, não quero saber da vida, que dirá da morte.
Pobre de mim que sou assim, que não vejo a beleza em nada, que não quero nada, que vejo meus dentes amarelarem e meus pulmões escurecerem sem me importar. Pobre Luíza. Pobre de mim.
Sequer consigo morrer, sequer um caminhão me atropela, sequer fico doente. Busco o fim em tudo, contudo esse fim não me quer. Nem a Dona Morte me deseja.

Pobre Billy... Pobre de mim.