segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Reflexões de Rodoviária

Era decepção demais para uma pessoa só. Brigar antes de sair do hotel, chegar na rodoviária e descobrir que seu ônibus vai atrasar 3h. Isso mesmo: três horas. Agora você tem até as 5h da manhã para "curtir" a situação, remoer o ódio, cavar os sentimentos e revivê-los.
Eu poderia sentar e analisar cada detalhe daquele salão enorme cheio de bancos e almas vazias, mas não. Abri minha bolsa e peguei um livro, é exatamente por isso que eu amo as palavras! Como são poderosas e acolhedoras! E como chamam a atenção... Pouco demorou para que você se sentasse ao meu lado, pulou um banco, é claro. Mas sentou-se ali, pegou seu livro e fez o mesmo que eu, deleitou-se com as palavras. A diferença era clara: eu lia por prazer, você lia para a faculdade. Era visível que você é estudante de direito, e ri por dentro ao ver sua blusa GAP e lembrar-me dos incidentes da USP.
Por um momento eu senti vontade de cutucá-lo para conversar, mas não o fiz. E quando você me chamou com um "Moça, você está indo para x?", eu limitei-me a responder "Não, para y". Será que eu deveria ter puxado assunto? Não sei. Só sei que você parecia legal, e não, eu não havia me apaixonado por você, contudo desejava conversar com alguém, e você, isso mesmo, você, parecia ser a pessoa ideal no momento.
Acho que me arrependo por não ter estendido a conversa, acho que poderíamos conversar sobre muitas coisas, principalmente por você cursar algo que eu pretendo cursar no futuro. Agora estou aqui, escrevendo sobre você, que deve ter 20 ou 21 anos, ou talvez até menos, cabelos enrolados, estatura média, chinelos nos pés e livros na mala, e você sequer lerá, eu sequer sei teu nome.
Lembro-me que dei mais atenção a um hippie sujo que a você, dou risada. São esses desencontros da vida que fazem-me perceber que devemos aprender o máximo que podemos. Sugar a sabedoria de todos, perguntar, obrigada, menino. Sei que você não é o João (hippie), mas em teu silêncio, fez-me refletir tanto quanto aquele!

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