segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ao nada, ao tudo

Abri a garrafa de cerveja, acendi o cigarro, peguei um papel e cá estou eu, com nenhuma ou poucas palavras. A lua me observa e as estrelas ao seu redor guiam meus pensamentos ao infinito, ao nada, ao tudo. Lembro-me de cada detalhe seu e suspiro, suspiro. Não me resta mais nada a fazer, não é mesmo? Você nunca fora meu, não há motivos para ciúmes, muito menos direito para isso.
As palavras são cuspidas do meu pensamento para as minhas mãos e então passam ao papel, que você nunca lerá, sequer saberá da existência. Seus toques eu não sentirei mais, nem suas palavras ao pé do ouvido, seu violão não será mais trilha sonora dos meus sonhos. Mas eu não me importo.
Não me importo porque sei que você não se importa, guardo as lembranças para poder sorrir nostálgica e depois lamentar-me, como agora. Gosto dessa sensação, horrível sensação, mas gosto. Faz com que eu me sinta vazia e faz-me imaginá-lo aqui. Já disse que seu sorriso é lindo? Pois digo-te agora.
Sua voz sempre me acalmando, seus lábios sobre os meus fazendo-me desejar silêncio todo o tempo, seus toques, suas mãos, sua respiração na minha...
Como eu sou capaz de viver sem você? Olhando-me agora sob essa fumaça azul do meu cigarro, eu rio de mim mesma, sou sozinha, onde está você?
A brisa bate no meu rosto lembrando-me que você está em todos os lugares, cada parte de mim te possui, cada sorriso, cada palavra, cada uma dessas letras, você as fez. São suas. Eu sou sua, mas você não me tem.  Sou sua por inteiro, pronta, esperando para doar-me, mas você não deseja receber-me.
A lua sorri para mim, e eu, desesperada, sorrio de volta, imaginando-o fazer a mesma coisa, talvez ela nos ligue, talvez ela nos seja comum, talvez ela nos pertença.
Olho-a enquanto as estrelas ao seu redor guiam meus pensamentos ao infinito, ao nada, ao tudo.

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